sexta-feira, 13 de junho de 2008

Limite, alcance, invaso

A Filosofia é feita pelos homens, que constrangidos por uma natureza limitada, antes de mais ratificada pela limitaçao que o corpo impoe à Vontade, impoe por sua vez à Filosofia um limite que esta tenta sempre utrapassar. A Filosofia, em contraste com o corpo humano, é ilimitada, justamente porque procura sempre transgredir um limite que lhe é imposto pela circunstancia de ser exercer num ser condicionado. O excesso proprio da Filosofia é talvez a sua melhor definiçao, que no entanto devemos entender como algo de substancialmente indefinìvel.

Muitas vezes junto à palavra limite encontramos a palavra "alcance". Importa todavia acentuar o caràcter històrico e social das tentativas de dizer até onde a Filosofia pode chegar. E sabido que para os primeiros gregos a operarem o famoso "milagre da filosofia", o "alcance" seria a descoberta do princìpio geral que anima o mundo, ideia que atravessou todas as epoca pelo menos até Hegel, mas cujo conteùdo conceptual foi estremamente diversificado, se atendermos aos percursos especulativos que formam conceitos como arché, Uno, Deus ou Espìrito Absoluto. O caràcter circunstancial e diferenciado com que os filosofo revestiram o "alcance" da Filosofia determina o conteùdo de todos os diversos percursos filosòficos, ou, và là que eu deixo, dos sistemas. A ideia de limite encara de frente aquilo que especifica e universalmente se pode descobrir na interacçao entre um ser humano e um indagar, misto de criticismo e maravilha, que nele se instala. Essa é algo de semelhante a uma doença progressiva, porque tem o caràcter de uma invasao, de algo que conseguiu forçar as barreiras-limites do corpo e nele se conseguiu instalar. Corpo estranho de que o hospedeiro nao tem nem pode ter total conhecimento, começa lentamente a girar os lemes do pensamento, do olhar, do falar e finalmente do agir até exercer uma influencia insidiosa, cavalgante, em direcçao a um abismo real ou simbòlico. Ao penetrar as barreira do corpo, a Filosofia ganha vida, ganha uma veste que a pode manifestar como que o corpo e o seu agir fossem separados e unidos a despeito da vontade do "sujeito" (ainda existe, a este ponto?) que os encarna.