sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

o meu ano

Gérard Edelinck, Batalha de Anghiari, 1660 (cerca), British Museum, Londres

foi tomar conta de uma realidade impossível de alterar. As premissas de tal acontecimento são a pré-instalação de um ideal que se espera e o desacordo da experiência com esse mesmo ideal. O caminho que se faz numa situação destas é portanto a descida do ideal ao real. E o real ganha sempre. Assim, o meu ano foi positivo porque progredi no conhecimento da realidade. Mas mais importante é mesmo perceber o que depende da nossa vontade e o que, não dependendo da nossa vontade, se aceita para que no futuro a vida tenha um impacto mínimo e a nossa conquista de nós mesmos se determine num perfeito acordo entre o que há e o que se é. Diria mesmo que o meu ano foi uma posse da vida como necessidade, como uma presciência privada.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

a definição não será exaustiva, mas

o filósofo dos nossos dias é aquele que consegue atingir notoriedade suficiente para legitimar os seus estados de espírito e as efabulações sobre a sua própria vida como verdades universais, ou pelo menos como algo que a "cultura" deve ter em conta.

eu sei que existe, mas não acredito nisso.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

porque sou cartesiano




Porque acredito na substancialidade do Eu. A nossa individualidade é um núcleo a atingir através da nossa vida consciente. "Conhece-te a ti mesmo"


A natureza do Eu não é estável nem estática. Nesse reduto jaz a possibilidade de encarar a vida com um mínimo optimismo possível, porque podemos sempre surpreendermo-nos a nós próprios. Mas a tendência ideal é a de alojar o Eu o mais restritamente possível para proceder a sua actuação no mundo (isto é, accioná-lo nas nossas acções, reacções e relações)


Quando falo de "Eu" não falo de um "caroço" material algures na nossa corporeidade, nem numa alma metafísica. Falo apenas de "auto-representação".


Paradoxalmente a liberdade humana provém da perfeição desta auto-representação que é constrangimento. Porquê ? Porque num sistema sem restrição não se pode falar de liberdade. É o que diz Wittgenstein mas eu cheguei lá sozinho.

Porque adquiri um termoventilador que me permite filosofar e não morrer de frio. Sabe-se que o Renè adorava a sua lareira palacial, embora não seja reconfortante saber que a sua morte se deveu a uma constipação. Impõe-se um estudo sério sobre a relação entre fontes de calor e a valorização filosófica do "Eu".

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

porque não em inglês




This is Piazza Trinità dei Monti, accessible through the posh, tourist-crowded Piazza de Spagna and its famous stairs. If you want to avoid a massive amount of people, including armies of poseurs creating no-trespass spaces between them and the shooter, sellers of useless gadgets and fiakers, then you should arrive from Piazza Barberini, and the go up Via Sistina. Once you arrive to the end of that road, you will find yourself in front of the church Trinità dei Monti, looking down at the stairs and the crowd surrounding (probably covering) the beautiful Fontana della Barcaccia.


One of these days I found myself observing an element of this architectonic complex that establishes a beautiful harmony created by the dissimilarity of stiles present at that space, as in so many other places in Rome. The “Egyptian” obelisk that pontificates in front of the church is way less eye-catching than all the other dominant elements, but this particularity makes it both essential and foreign to the beauty of the place. It’s dissimilitude lies upon the plain geometry of its lines and of its hieroglyphic representations, while the church, the stairs and the fountain express an ideal of overwhelming, wavy and eccentric beauty. This exceptional element provides a evanescent feeling of surprise in the midst of one of the most visited places in the world. There is something very unclear and conflictual about the kind of object that the obelisk is, as opposed with the aspects of domination, expression of ideals and seeking of pure visual impact that the rest of the piazza suggests.