quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Jacques-Louis David, A morte de Marat, 1793, Musée des Beaux-Arts, Bruxelas


A reflexão estética do último século assenta em quatro direcções base: Vida, Forma, Conhecimento, Acção. Cada uma tem os seus traços distintivos e respectivas vias de transito, capazes portanto de se invadirem umas as outras e, no processo, criarem instabilidades na dimensão hospedeira.

A Estética vitalista tem na sua origem aquela representação da arte como um prolongamento dos aspectos centrais da vida: dinâmica, evolução, sensação e emoção são aspectos que a obra de arte deve enaltecer para que se estabeleça um diálogo entre o homem e a arte. Mas tendo em conta que a obra de arte serve assim um interesse humano, esta é essencialmente uma concepção utilitarista, pois a obra está ali para nos provocar um efeito que consideramos importante e exclusivo! Por isso a moderna Estética da vida se volta para a Arte em busca das grandes respostas para a nossa existência, uma vez constatada uma radical estranheza nos confrontos da instabilidade, imprevisibilidade e agressividade dos fenómenos naturais.


A palavra "Estética" provém de aisthésis, que significa "sensação", portanto algo susceptível de ser despertado pelos grandes e pequenos eventos da natureza, mas que a obra de arte consegue "reter" e, teoricamente, despertar a cada acto de contemplação. O utilitarismo (e talvez antropocentrismo) atinge níveis inauditos.

Ao transformar a obra num objecto que representa a Vida, este tipo de pensamento estético está na verdade a procurar respostas a uma questão primordial que se desdobra nas várias outras que accionam a vontade de contemplação. Ao pedir à obra de arte a apresentação do que há em mim de mais constitutivo, estamos no fundo a perguntar à arte qual é o "sentido da vida". É aqui que a arte é vista como um reduto que dá acesso à situação existencial de cada um.



segunda-feira, 24 de novembro de 2008

on Ibrahimovic



Não vislumbrando a possibilidade de definir o conceito de "Forma", o rapaz beligerante entrega-se à fruição das obras de arte. Tomando atenção a duas coisas que já sabia mas que ainda não tinha aprendido:

1) não é possível definir "arte".

2) se se quer perseguir o conceito de forma, não se pode dar demasiada atenção ao "sentimento estético" do sujeito. A forma vive por si, sem precisar de ser assimilada à vida.



subscrevo, portanto, sobremaneira.




quinta-feira, 20 de novembro de 2008

um outro apontamento





Essa coisa do "você é feliz?" é a maior treta da história das perguntas de chacha.


Felicidade é um estado mental como o estar acordado, ou como estar melancólico. Não se "é" acordado e, também, ninguém é só melancólico. Diz-se que a felicidade não existe porque ninguém tem tempo suficiente para reconhecer os momentos em que ela se dá, porque ocupa todo o "espaço" da consciência do sujeito. Só uma distanciação permite o reconhecimento da presença do momento feliz. Assim, a felicidade é sempre, radicalmente, uma coisa do nosso passado pessoal e irredutivelmente passageira, lampejante.


E é assim que deve ser, porque assim é.


Noto ultimamente que, embora não sendo fácil, me é possível auto-induzir um estado mental feliz, a partir de uma experiência: a degustação de um Kinder Delice.

receita

1-Conhece-te a ti mesmo (pode durar a vida inteira)

2-Cumpre isso que descobriste.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Rosso Fiorentino, Madonna col bambino e santi, Uffizi, Florença


Aqui está um quadro, ou melhor, uma metágora (queria escrever "metáfora" mas metágora agrada-me) da História. A nossa Senhora, os santos, os anjos, tudo com olheiras, cansados, demoníacos, anti-renascimentais. Uma prova física que cada tempo tem uma sua linha directriz (política, estética, social) não apesar dos contra-movimentos, mas por causa dessa fonte necessária de resistência.
Que seria o poder sem o contra-poder? Ou que seria de uma ideologia sem uma ironia?

domingo, 9 de novembro de 2008

Não tenho tido internet, e por isso não tenho tido a oportunidade de escrever aqui o que de qualquer forma não escreveria.