segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009




Prescisamente porque já tudo foi dito e já tudo foi inventado é que é possível ainda criar alguma coisa. A essência da criação é a reinvenção, é a remodelação imprevista. Todos os objectos retêem as suas possibilidades futuras, que esperam um golpe de recriação humana. Aproximar-se hermenêuticamente de um objecto (cadeira, ideia, poema, montanha) pode extrair desde a potencialidade resídua mais ínfima, tornando-o por momentos diferente apenas ao nosso olhar mais subjectivo e privado, mas pode também arrancar ao objecto a sua determinação mais substancial, transformando definitivamente o olhar da humanidade e despojando o objecto de uma essência que se julgava inatacável mas que era afinal provisória. Exemplo desta desconstrução violenta são, por exemplo, as famosas obras de Duchamp.