quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Antonio Canova, Vénus e Psiche


Noto que na blogoesfera mainstream não há lugar para o estilo confessional. Que deixar escapar uma lamechice é visto como o abandono da forma, ou seja, do estilo. Não é já a substância (essa instância metafísica e demodé), mas o estilo, que constrói a identidade. Ceder a um arrebatamento emocional significa anular a capacidade de nos diferenciarmos pela qual buscamos com ardor um estilo próprio. A confissão de um grande sentimento é a confissão de que encontrámos nessa grande sensação a anulação da identidade, da diferenciação. No ponto máximo do sentimento toda a diferença se anula, toda a identidade se dilui. No ponto máximo do sentimento se encontra o ponto zero do poseur. O paradoxo da vida joga-se aqui. Generalizo porque, não certamente por acaso, penso que é também é este o maior paradoxo da literatura.