Porque acredito na substancialidade do Eu. A nossa individualidade é um núcleo a atingir através da nossa vida consciente. "Conhece-te a ti mesmo"
A natureza do Eu não é estável nem estática. Nesse reduto jaz a possibilidade de encarar a vida com um mínimo optimismo possível, porque podemos sempre surpreendermo-nos a nós próprios. Mas a tendência ideal é a de alojar o Eu o mais restritamente possível para proceder a sua actuação no mundo (isto é, accioná-lo nas nossas acções, reacções e relações)
Quando falo de "Eu" não falo de um "caroço" material algures na nossa corporeidade, nem numa alma metafísica. Falo apenas de "auto-representação".
Paradoxalmente a liberdade humana provém da perfeição desta auto-representação que é constrangimento. Porquê ? Porque num sistema sem restrição não se pode falar de liberdade. É o que diz Wittgenstein mas eu cheguei lá sozinho.
Porque adquiri um termoventilador que me permite filosofar e não morrer de frio. Sabe-se que o Renè adorava a sua lareira palacial, embora não seja reconfortante saber que a sua morte se deveu a uma constipação. Impõe-se um estudo sério sobre a relação entre fontes de calor e a valorização filosófica do "Eu".