Anibale Carraci, Assunzione della Vergine
Ironia e riso cínico, ainda que simpático. São inseparáveis. Num apontamento irónico há sempre (ainda bem) um sobrelevar-se sobre o mundo. E portanto sempre um destaque em relação ao comum e ao mortal, e ao comum mortal.
O cinismo histórico, aquele da escola grega, é um salto para a frente em relação ao cepticismo. O cepticismo, que diz não crer em nada e que nada se pode saber, não tinha ainda um modo “ético”, faltava-lhe um modo de orientar o comportamento, faltava um modo de estar céptico. É o cinismo que o providencia. E, de facto, é aos cépticos que o cinismo assenta. Quem crê em verdades e por elas luta com todas as armas que possui nunca é cínico. Mas quem vê trincheiras profundas entre nós e o mundo sabe que quase todo o esforço é inútil, e por isso recreia-se com a ironia, o cinismo, o sorriso de superioridade sapiente.
O cinismo histórico, aquele da escola grega, é um salto para a frente em relação ao cepticismo. O cepticismo, que diz não crer em nada e que nada se pode saber, não tinha ainda um modo “ético”, faltava-lhe um modo de orientar o comportamento, faltava um modo de estar céptico. É o cinismo que o providencia. E, de facto, é aos cépticos que o cinismo assenta. Quem crê em verdades e por elas luta com todas as armas que possui nunca é cínico. Mas quem vê trincheiras profundas entre nós e o mundo sabe que quase todo o esforço é inútil, e por isso recreia-se com a ironia, o cinismo, o sorriso de superioridade sapiente.