Essa classe difusa e heterogénea que são os "intelectuais". Nos últimos dois dias, assisti a um convénio sobre o tema. Versou-se sobre a definição deste termo, sobre as relações entre os poderes políticos e os intelectuais, sobre o papel dos intelectuais na era pós-moderna, na qual parte do espaço outrora ocupado pelos eruditos verdadeiramente enciclopédicos, ou seja, apaixonados pela investigação sobre a verdade, é agora ocupado pelos intelectuais de sofá, que debitam a partir de um estúdio de televisão as suas sentenças num exercício não já de saber, mas de retórica e estilo.
Dos participantes, gostei de Giuseppe Patella, professor em Roma, que nos ofereceu uma comunicação objectiva no que diz respeito aos desafios modernos para a classe intelectual, tendo em conta a era tecnológica e a sobranceria pós-moderna que professa um ultra-relativismo auto-castrador para a própria inteligência, para a criatividade, para os processos mentais.
Excelente também o apontamento histórico da minha colega Amalia Verzola, que nos falou da corrente situacionista, em particular de Toni Arno, um dos fundadores da revista "Errata", cujo projecto passava por focar o quotidiano como o lugar da revolução "não-política", ou seja, uma tomada de posição não institucionalizada como movimento de ideologia e portanto tendente a renegar a lógica do poder que assiste ao espaço onde se estabelce a política, espaço esse que compreende não só o exercício do poder mas também metaboliza a resistência que lhe é feita.