Agradou-me muito a atitude de Santana Lopes, como, aliás, parece ter agradado a todos. Votei no PSD nas últimas legislativas porque penso, ainda hoje, que a incompetência de Santana Lopes foi em grande medida (não digo a sua totalidade, héllas!) uma invenção da comunicação social, empolada por um efeito "arrastão", uma acção concertada mas talvez semi-consciente, própria de uma estrutura que estabelece as suas dinâmicas para lá dos agentes que a compõem (sim, Foucault). Por isso o meu voto foi de protesto, até porque num caso destes a acção do "poder comunicação social" só pode conduzir a uma vitória da ignorância sobre a autonomia do pensamento individual, o que aliás foi o caso. O resquício disso é que todos parecem ter de se justificar "pessoalmente" quando agora defendem esta atitude de Santana na Sic Notícias.
Santana, tal como Bush e Aznar, talvez tenha cometido o pecado de em algumas situações permitir que a sua auto-percepção enquanto "agente guiado por um sentido histórico de responsabilidade", tenha percolado para o domínio público. Mas o pecado é a falta de recato, não esta percepção, que na minha minha opinião se justifica e portanto se torna uma condição. E desta vez também foi esse sentido de responsabilidade, para o país mas talvez principalmente para consigo mesmo, que o levou a abandonar a entrevista . A virtude de Santana foi, claro está, levar por diante as suas convicções. Ser inteiro.
É tudo isto, uma questão de deterioração pública e continuada da imagem de uma pessoa que agora, trocando muitas voltas, se mostra íntegra, que deve fazer confusão a pessoas como Francisco José Viegas, que não consegue ver um acto virtuoso auto-subsistente e auto-justificativo, e declara que é bonito e tal, mas é também uma jogada premeditada! Preso por ter cão...